O agravamento da situação epidemiológica em Portugal levantou a hipótese de os alunos do ensino secundário deixarem de ter aulas presenciais, uma medida compreendida pelos diretores escolares contactados pela Lusa.
“Nada substitui a presença em sala de aula, mas perante a situação que o país atravessa neste momento percebemos que é preciso tomar medidas”, contou à Lusa Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), defendendo o “ensino misto para os mais velhos”.
A posição é corroborada pelo presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANADEP), que lembrou que menos alunos na escola significam menos pessoas nos transportes públicos.
Filinto Lima explicou que é melhor que sejam os mais velhos a ficar em casa, uma vez que têm mais maturidade para acompanhar as aulas online.
Além disso, estes alunos foram os primeiros a receber os computadores prometidos pelo Governo. Os 100 mil equipamentos que começaram a ser distribuídos no final do ano passado já terão sido entregues a todos os estudantes do ensino secundário com Apoio Social Escolar (ASE).
“Se houver alguns que ainda não receberam serão muito poucos e é possível, através das escolas e das autarquias locais, arranjar alternativas”, contou à Lusa Manuel Pereira.
Os dois representantes têm, no entanto, opiniões diferentes quanto à aplicação da medida. Filinto Lima defende que o ensino à distância deve acontecer nos “concelhos que estão na linha vermelha”, enquanto Manuel Pereira admite uma medida de âmbito nacional, uma vez que “o país é pequeno e a situação é grave em todo o país”.
Ambos concordam que as crianças do pré-escolar e do ensino básico devem continuar a ir para a escola.
Primeiro, porque o ensino à distância aumenta o fosso entre os alunos: “A escola é um elevador social, mas a pandemia mostrou-nos que com o ensino à distância foi para muitos um elevador que só desceu”, lembrou Filinto Lima.
Mas também porque os pais de crianças com menos de 12 anos teriam de ficar em casa, caso as escolas deixassem de os receber, acrescentou Manuel Pereira, admitindo como solução que também os alunos do 3.º ciclo possam ter aulas a partir de casa.